quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Curitiba Desgovernada (final cooperativo)

Assim que paro o carro me vem uma vontade de fumar um cigarro, porém não o tenho. Passo a mão em baixo do banco e "tá lá" deixaram cair no carro, além disso, tem quase meia garrafa de vodka. Se eu tivesse pique tomaria essa vodka e dormiria no carro até amanhecer e as coisas parecerem menos perigosas. Mas não tenho, acendo o cigarro e escuto rádio, nesse momento está tocando Angel of Death do Slayer, excelente trilha sonora para a situação, talvez essa sonzera possa me dar coragem, pique, sei lá, para alguma coisa. Mas não, merda, to com medo ainda.

Mas por que? Por que esse medo de ladrão?
Só preciso sair do carro, deixá-lo ali, seguir até um posto mais perto comprar um saco de gasolina e colocar no tanque, se bem que corre o risco de eu chegar no posto e eles não aceitarem meu cartão, aquele cachorro quente foi um erro mesmo, agora to sem dinheiro trocado.
Volto a dizer, amigo é uma merda mesmo. Levar o amigo do vizinho, amigo só serve pra dar trabalho pros outros e arranjar ajuda pros outros, amigo a gente devia aceitar e pronto, mas se é assim é parente.
Chega de reflexões, não posso ficar aqui, parado, esperando algum maníaco psicopata tirar o meu escalpo. Vou partir sozinho com meu cartão no bolso, vou tirar o som do carro, e vou atrás da gasolina.
Penso em mijar no tanque, ouvi falar que se mijarmos a gasolina sobe o nível e o carro pode andar, mas pode ser arriscado e se o carro desprogramar e eu precisar mijar nele toda vez que for dar uma volta.
Se bem que mijo, eu acho, custa menos que gasolina. Mas também acho que teríamos que mijar demais para nos sustentar.
Vou pro posto de uma vez, pego tudo o que preciso e parto para o meu destino, cigarro de companhia, passos tranquilos, frio demais, e vou indo.
Sigo reto pela Kenedy, viro a direita no Habib's, lá em baixo, na Chile, tem um posto.
O frentista tem para mim, neste momento, o mesmo ar de um deus, a salvação está ali.
"Gasolina, pra levar pro meu carro", indago.
"Precisa de saco ou tem garrafa pet?", pergunta o meu deus.
Respondo para deus: "Não, coloca na minha garganta que chegando lá eu vomito tudo dentro do tanque".
"Ah é isso que tu quer né?"
Me dá uma rasteira, chama o segurança e alega que eu era um miliante querendo assaltar o posto.
Não tenho nem tempo de reagir, levo um pau no chão, eles me arrastam pra fora do posto e o frentista ao final de tudo me trás uma garrafa de gasolina pra jogar na minha boca e diz: "Toma"
Eu mereci, fui um grosso, vivo fazendo isso falando coisas absurdas que não podem ser levadas a sério, e nada pode ser levado a sério, acho que nem o frentista me levou a sério, ele achou engraçado talvez, mas pra ele é mais engraçado me encher de porrada e ainda complementar o diálogo que eu dei início.
Só me resta a delegacia, lá sim estarei seguro.


Esse causo é a continuação de Curitiba Desgovernada

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