segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ele voltou, o boêmio voltou novamente

São três da tarde, lá está o Silvio, cansado daquele dia diante do balcão, aguardando sua vez para tentar vender um celular. Volte e meia ele vende um, tira uma comissão, fica alegre, mas volta a realidade de estar ali novamente. Fica lembrando dos velhos tempos de faculdade, na vida noturna, por um momento começa a cantarolar:
"Traz mais uma cerveja
Aqui nesta mesa que eu quero beber
Hoje estou desesperado
Eu fui enganado e vou aborrecer"

Uma antiga canção muito conhecida na voz de Carlos André.
O gerente logo chama a sua atenção, pois estava fazendo ridículo:
"Isso lá é música que se cante Silvio?"
Abaixa a cabeça e nela começam a borbulhar vários pensamentos, várias lembranças, e uma vontade louca de tomar cerveja arranha as guelas.
Em uma atitude incompreensível lembra de mais um clássico de Bertô Galeano e canta em alto e bom tom:

se eu já não tenho mais você
sou mais um que vive agora
morrendo de saudades de você

Aquele banco lá na praça, aquelas flores
aquele parque, aquela rua, nossa musica
nossos momentos nunca mais vou esquecer
estou morrendo de saudades de você
estou morrendo de saudades de você"

O gerente se assusta, não entende, e começa a pedir com calma, mas na terceira frase já diz que se ele não parasse de cantar ele estava demitido. Silvio não para de cantar e vai tirando a gravata, o crachá e rouba um beijo de Jasmine, uma gatinha que trabalhava no caixa. Sai cantando pelo Shopping. Pega o celular e sem parar de cantar liga pra um grande amigo, o Rogerio, os dois cantam juntos no telefone, já marcam um encontro a noite e Sivio estava finalmente longe dos males da igreja, do moralismo e da hipocrisia.

E todos no "Gata Comeu" cantavam:

"Ele voltou, o boêmio voltou novamente"

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